sábado, 3 de outubro de 2009

O desastre


A dor é demasiada. Estou incrédulo. Só me apetece estar no meu canto e lamentar as oportunidades possivelmente desperdiçadas. Tenho medo de mim próprio. Do cansaço das grandes perdas. De bom: a família que me carrega, um sorriso e a compreensão da minha filha, os grandes velhos e novos amigos que me espicaçam a alma e não me deixam cair mesmo quando a vontade é apenas desistir do sofrimento. Tenho novamente a sensação de que isto será um pesadelo e que o sonho demorará a vir. É neste dilema de incertezas a angústia que me rasga e que faz com que cada minuto pareça várias horas que permaneço, dando tempo, magoado por amar quem me quer ver pelas costas. E eu só penso: "estará louca". Depois de ilusoriamente pensar um projecto, após vários anos de dúvidas e medos, depois da decisão....a puta da desilusão. E o que é feito de tantos bons momentos. O dia em que nos beijámos, o dia que nos tocámos, os dias que passámos por crises para outros insuperáveis. Essa merda desapareceu assim, como o vento leva a terra para longe e se perde. Não me fodam a cabeça. Estamos a falar de dimensões que valorizo e que jamais as quero considerar banais e muito menos desprezíveis. Não quero olhar a ligação forte entre pessoas com banalidade.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Angustiado

Se o arrependimento matasse...

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Que merda...

Estou farto de frustrações e desilusões, da inconsistência das pessoas, da falta de confiança nas pessoas e na sua bondade e compreensão. Foda-se. Agora que o que eu mais queria era construir, depois de tanto tempo sem o conseguir fazer, eis que do outro lado surgem as dúvidas, provavelmente pelo desgaste. Provavelmente pelas desilusões consecutivas. Caralho. Estou farto de viver desta forma, sempre na montanha russa. E depois a minha estupidez e brutalidade que ultrapassou os limites a pôr fim a tudo. O medo de perder e de mais uma vez ser traído provocou a cegueira e magoei provavelmente quem mais amo e desejo. A culpa e a raiva são enormes. Dificuldade em não sentir de novo o mundo a desabar, uma angústia tremenda de quem vê de novo o breu e o precipício e com vontade pontual de me jogar e acabar com estas merdas todas. Este é um desabafo de alguém imperfeito mas um vencedor, que já passou por muito e persistiu mas que sente vontade de pôr os braços para baixo. Espero ter mais esperança amanhã. Nada vejo neste momento. Estou realmente desapontado e destroçado.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Afectividade

Esta merda da afectividade tem muito que se lhe diga. Tem todos os condimentos com excepção à linearidade. Parece simples para quem vê de fora, para quem faz julgamentos fáceis, mas na verdade é uma realidade aparentemente inteligível, com respostas que aprecem muitas vezes apenas mais tarde. Saber esperar é de facto uma virtude, mas não minha. A necessidade de respostas imediatas, a necessidade de decisões, de acção, de descoberta de sentido já, tem-se mostrado uma estratégia fracassada com danos à mistura, com consequências indesejadas, de actos aparentemente sem rumo...muita merda que ofusca a clarividência.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Sem palavras...

Estou sem palavras...apenas isso. Cansado de pensar, de sentir, de insistir. É nestas alturas que mais me faz sentido viver apenas o momento e deixar-me ser guiado. Há coisas que são inteligíveis, pelo menos para já, e as respostas, provavelmente, só depois. Parece ser o tempo de "apenas viver". Contraditório, ou talvez não. Tal no filme "em busca de felicidade" e de como esta pode ser encontrada nas adversidades. Resta-me procurar acreditar.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Crescer é fodido


I´m back. Crescer é fodido e envolve por vezes tomadas de decisão complicadas. Desejar e não conseguir...querer o melhor e alimentar o pior. Tal como os seres humanos, somos, não raras vezes, imbuídos de contradições, de duplicidades, de cantos inacessíveis (até para nós mesmos), cheios de teias de aranha...que até já cheiram mal. No fundo, construções difíceis de desmontar...Enfim, resta-me agir em conformidade com o que me parece ser um caminho árduo mas mais sensato...o do discernimento. Acredito piamente que lá chegarei...à liberdade de escolher com sabedoria e com entusiasmo.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Profundo

Amai-vos um ao outro, mas não façais do amor um grilhão. Que haja, antes, um mar ondulante entre as praias de vossa alma. Enchei a taça um do outro, mas não bebais da mesma taça. Dai do vosso pão um ao outro, mas não comais do mesmo pedaço. Cantai e dançai juntos, e sede alegres, mas deixai cada um de vós estar sozinho. Assim como as cordas da lira são separadas e, no entanto, vibram na mesma harmonia. Dai vosso coração, mas não o confieis à guarda um do outro. Pois somente a mão da Vida pode conter vosso coração. E vivei juntos, mas não vos aconchegueis demasiadamente. Pois as colunas do templo erguem-se separadamente. E o carvalho e o cipreste não crescem à sombra um do outro (Kahlil Gibran). 

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Encontro da Comunidade Vida e Paz


"Espírito de família, inovação, cratividade, liberdade de intervenção (...)", gritou alto a Quinta da Tomada. Após uma prestação inesquecível envolvendo duas músicas que vivem nos antípodas, irromperam risos e saltos acompanhados por palmas, não para congratular perfeição da actuação, longe disso, mas pela magia do espírito de exaltação que inevitavelmente acabou por ser contagiante. Ao formalismo da primeira música, seguiu-se a alegria de um "follow the leader" - Soca boys, com coreografia, desfile, espírito "brutal" e "poderoso" (expressão do grande Leonel), de quem sente a espontaneidade do momento e o vive com autenticidade longe do preconceito. Este é mais um rasgo de quem naturalmente rompe com paradigmas vigentes, de um grande team, cheio de vicissitudes e contrastes, tal como numa sinfonia amadora em que vários instrumentos diferentes se unem pontualmente para tocar em unísono e de forma desgarrada uma obra qualquer. Por isto, e por mais que me têm oferecido estas pessoas, uma pequena expressão: "tem valido a pena".

terça-feira, 5 de maio de 2009

Momento do coração

Que boa a sensação de amarmos e sermos amados. De deixarmos a "coisa" fluir sem atritos ou devastação. Que saudades da tranquilidade em cada momento. Da familiaridade do cheiro, do gosto gostoso, do toque acolhido, de um sorriso sem palavras, de uma graça repetida com ressonância, de um palavrão que humoriza o "aqui e agora". Silêncios que me apaziguam, sem jogos psicológicos - pequenos "nadas" com muito.